quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O trilho


Num desespero tremendo, volto ao meu passado por onde passei e voltei por muitas vezes.
Viagens quase que intermináveis a fim de continuar um futuro que não existirá mais.
Confesso que não era muito apegado ao sentimento e fiz muitas pessoas que um dia amei sofrer e agora que estou desse lado, acho que as machuquei mais ainda.

Volto aqui, pois me sinto melhor, como se as arvores me vissem e cantassem para mim o som de uma ventania suave e calma, me fazendo soltar em forma de um pássaro negro minhas piores lembranças do dia que este trilho acabou para mim.

Naquela noite fria, nuvens pousavam no chão fazendo uma neblina tensa, como um manto branco onde nada se enxergava. Eu estava lendo, quando em um susto o trem descarrilou como uma dança mal efetuada usando um som irritante e sem ritmo ao fundo. Rosas com espinhos de vidro voaram por todo vagão, soltando pétalas de sangue em meu rosto, marcando em meu coração invisível a minha ultima lagrima que carregava em seu caminho o sofrimento, o desespero e o choro de uma criança a gritar por dor.
Sons, imagens e dores que sempre vou guardar aqui, embaixo de cada pedra teste trilho.

Um momento ou uma cena talvez foi capaz de mudar uma historia desastrosa em que vivia e com isso forçando um novo caminho que neste momento sou incapaz de prosseguir.
Tenho forças somente para sentar e remoer os meus sentimentos de arrependimento, tristeza e agonia do meu fracasso como ser humano, se é que um dia cheguei a ser um.

Não poderei mais voltar e consertar aquela ultima conversa áspera que tive com você antes de começar esta viajem. O que me resta talvez seja aguardar o tempo que for necessário para que você me perdoe.


Postado em 18/09/2004 às 08:44


Obs: meus textos não têm título, estou colocando o que imagino que seria na época...sorry...@_@”

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